segunda-feira, 4 de junho de 2012

O misterioso sr. Borges

Há já muito tempo que o Sr. Borges é lança-bitaites de serviço em debates televisivos e "análises telejornalísticas" à situação do país. E tem sempre umas ideias muito vastas de como governar o país, de como melhorar a economia e a competitividade...etc, etc. Aliás, estranho é que, com tão vastas ideias sobre estas matérias, não seja já, e em simultâneo, primeiro-ministro e ministro da economia e finanças, caramba, que o homem é para lá de bom!... Ainda por cima andou lá por fora, coisa e tal... algo que, em Portugal, continua a ser uma excelente carta de recomendação, sobretudo quando se tem amigos influentes no(s) partidos do tal "arco do poder". Ora, o Sr. Borges tem isto tudo. Logo, só podia estar onde está.

Estranho seria pois se, agora que o psd está no governo, este lança-bitaites de alta cilindrada não tivesse direito a uma fatia do bolo. Podia lá ser!  Vai daí, convida-se o homem para mandar bitaites sobre as privatizações da Parpública, bem como para fazer consultadoria ao Governo (seja lá isso o que for) e, porque o homem é mesmo muita bom, pode até acumular com funções na Fundação Champalimaud e no Grupo Jerónimo Martins, no qual ocupa uma posição de administrador não-executivo, e sabe-se lá que mais. Mais ninguém pode acumular funções, mas o sr. Borges tem até o beneplácito do primeiro-ministro para o fazer porque é mesmo muita bom, pronto! (ver aqui). Como tal, tem direito a auferir várias dezenas de milhares de euros mensais - para além de outras mordomias - num país em que o salário mínimo não chega aos 500€. E qual é o primeiro bitaite que o homem lança bem alto para todos ouvirem, assim logo às primeiras? Pois que se baixem os salários! Obviamente, os dos outros, que o dele é de outra dimensão (ler aqui), ou não fosse ele o sr. Borges!

Claro que isto calha ainda melhor logo agora que se sabe que o setor empresarial do estado duplicou os prejuízos no primeiro trimestre deste ano. Esperamos então para ver como é que este "iluminado" vai mudar as coisas!

Mas o sr. Borges tem mais que se lhe diga! E começam agora a surgir as primeiras informações verdadeiramente pertinentes sobre os seus pergaminhos. Segundo o correspondente financeiro do “Le Monde” em Londres, Marc Roche, numa entrevista à RR,  “O FMI disse-me que se livraram dele [António Borges] porque não estava à altura do trabalho e agora chego a Lisboa e descubro que está à frente do processo de privatização. Há perguntas que têm de ser feitas”.

Mais disse ainda Marc Roche: que a "filosofia" Goldman Sachs está presente na política europeia através de um grupo de "iluminados" que são "simultaneamente um grupo de pressão, uma associação de colheita de informações, uma rede de ajuda mútua" eficaz, competente e treinada na instituição norte-americana, apesar de se saber muito pouco sobre o que andaram a fazer no Goldman Sachs os "tecnocratas" que atualmente são protagonistas na Europa. (...) "O que é que eu encontrei sobre esta gente? Muito pouco a não ser que o Goldman Sachs quer esta gente nos bastidores das influências políticas. O que é que eu descobri sobre o senhor Borges? Pouco. Sei que ele esteve no Goldman Sachs mas não sei o que é que ele fez ou em que secção trabalhou. Tal como os outros: Draghi ou Monti", explicou.

Como é que se juntam todas as peças deste puzzle? O mais provável é que ninguém venha a descobrir ao certo todas as peças necessárias para o conseguir. Mas, por outro lado, só estas já são suficientes para perceber o verdadeiro calibre do figurão e como, afinal, até nem é assim tão misterioso quanto isso...

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